
Por definição, salas limpas ou clean rooms são ambientes especiais, projetados especificamente para manter os níveis de contaminação abaixo dos parâmetros considerados normais. Nestes ambientes, também, são considerados os níveis de umidade, temperatura, pressão, partículas em suspensão e iluminação, que são medidos e mantidos conforme os parâmetros e submetidos a controles exaustivos para garantir que não interfiram nem alterem a composição química do produto. Portanto, uma sala limpa é aquela na qual a concentração de partículas em suspensão no ar é controlada. Tanto sua construção quanto sua utilização são executadas de maneira a minimizar a introdução, geração e retenção de partículas dentro deste ambiente, na qual outros parâmetros relevantes, como, por exemplo, temperatura, umidade e pressão, são controlados conforme necessário.
As salas limpas surgiram devido à necessidade de processar e manipular produtos garantindo ao máximo a sua qualidade, já que para isso tais produtos devem ser isentos de micróbios e bactérias prejudiciais para a saúde; isto é, por meio da utilização de salas limpas é evitada a contaminação direta dos produtos, assim como a produzida pelo contato com outros produtos (contaminação cruzada).
São necessárias em laboratórios químicos, indústrias farmacêuticas, cosméticas, alimentícias, centros cirúrgicos, locais de manufatura de satélites espaciais e tantos outros locais, onde se consegue quantificar e mensurar o tamanho das partículas em suspensão a fim de que não interfiram na pureza do processo, já que a contaminação por poeira e partículas pode causar comprometimento no processo produtivo e nos operacionais, com queda na qualidade e na segurança dos produtos e serviços produzidos. Neste sentido, o projeto de arquitetura para salas limpa tem papel primordial.
Do início – A informação básica inicial para o desenvolvimento de um projeto para salas limpas é: “que tipo de material ou produto será produzido neste ambiente?”, esta pergunta é importante não apenas para definir quais materiais de acabamento utilizar na arquitetura, mas, também, quais condições a manter no ambiente (temperatura, umidade relativa, classificação e pressão).
O desenvolvimento do projeto inclui considerações relativas à: “função”, isto é, deverá ser considerado o ambiente e controles específicos necessários na sala limpa em particular; “operação”, que inclui o fluxo de trabalho e procedimentos necessários para obter o controle desejado do produto; e facilidade de manutenção. Já na construção projeto, equipamentos, procedimentos, pessoal e manutenção são as cinco palavras-chave que envolvem a criação de uma sala limpa e que influenciarão a sua operação. Além dos conhecimentos arquitetônicos particulares às salas limpas, o engenheiro projetista deverá possuir amplos conhecimentos sobre as técnicas de ar condicionado e ventilação, materiais de construção e equipamentos, aparelhos de iluminação, técnicas de filtragem de líquidos e ar, procedimentos de esterilização, métodos de fabricação, fluxogramas de materiais e de pessoas, engenharia de embalagem, manutenção e métodos sanitários bem como uma série de outros conhecimentos especializados.
Dicas – A melhor solução seria iniciar os trabalhos com uma análise completa do projeto a ser executado. Deve ser realizada uma avaliação completa de todos os fatores que possam eventualmente afetar a correta operação de uma sala limpa antes de iniciar o projeto final. O projetista deverá verificar os componentes necessários e existentes no mercado para projetar uma sala limpa de acordo com as exigências da contratante e o ambiente deverá ser projetado como uma área integrada às restantes dependências da instalação, considerando-se principalmente a sequência operacional do sistema a ser implantado. Materiais, fluxo de pessoas, serviços auxiliares e outros fatores deverão ser considerados em relação ao resto da instalação. As consultas com o usuário sempre serão de grande proveito para a obtenção de um ótimo projeto para salas limpas, cujas características dependem do tipo de informações que o cliente final tem da área. Assim, se ele já possui todo tipo de informação de produção que colocará no mercado, como tipo de produto, quantidade de produção, entre outros -, e com base nas normas da Anvisa, será necessária a elaboração de um fluxo de todo o processo, como entrada e saída da matéria prima e embalagens, entrada e saída e saída de pessoas, fluxograma de produção, entre outros. Com base nessas informações, cria-se um layout básico, que deve considerar o projeto de ar condicionado para atingir a temperatura e umidade relativa necessárias para o processo, cascata de pressão, classificação das áreas, e outras variáveis. Outro destaque é a importância em contar com o conhecimento e a experiência de profissionais que possam orientar e oferecer um bom projeto para um ambiente seguro, asséptico e que garanta a manipulação e manufatura do produto final.
